Direção do hospital informa que apenas 45% dos trabalhos estão concluídos
Desde o mês de junho deste ano, o Hospital Municipal Vereador José Storopolli, maior complexo hospitalar da região e também conhecido por Vermelhinho, passa por obras de restauração das salas de pronto atendimento e das alas de emergência ao custo de R$ 350 mil. De acordo com a secretaria municipal da Saúde, em nota, a obra do pronto-socorro da unidade está sendo paga pela Universidade Nove de Julho – UNINOVE, em formato de contrapartida, ou seja, sem a aplicação direta de recursos públicos.
 |
Fachada do Vermelhinho; foto: Claudio Porto |
A nota da secretaria informa ainda que, passados três meses, em setembro, apenas 45% dos trabalhos estão concluídos e as reformas foram divididas em duas fases, sendo que cada uma das etapas tem previsão de término calculada para 90 dias. Ao todo, a expectativa é que a unidade retome a normalidade de suas atividades em dezembro próximo.
No entanto, a rotina é de barulho de furadeiras e de batidas de marreta, além de funcionários da empresa contratada descarregando materiais de construção em meio aos usuários, que se veem forçados a retirar a senha de atendimento na entrada do hospital, ainda do lado de fora, e, alguns, a aguardar a vez na área externa, em função dos tapumes instalados no hall de acesso aos ambulatórios onde os pacientes são atendidos.
Não há placa com informações sobre a obra no ambiente externo do complexo e, também do lado de fora, não é possível ver se há cartazes ou placas de aviso no espaço interno. A secretaria diz que, “para não comprometer o atendimento e o fluxo de pessoas na unidade, foram realizados bloqueios pontuais, em áreas previamente planejadas” e que “informativos identificando os locais de obras foram distribuídos pelo hospital e são redistribuídos, de acordo com a localização da reforma, para melhor sinalização aos usuários”.
 |
Ana Aparecida e sua filha; foto: Claudio Porto |
Com dores no lado esquerdo do rosto, a moradora do bairro da Vila Sabrina Ana Aparecida, 36, esteve no hospital no dia 21/10, uma segunda-feira, e conseguiu ser atendida por um dos dois clínicos-gerais (médicos com conhecimento geral sobre o organismo humano) da unidade. “Até que hoje o atendimento foi rápido, porque geralmente demora um pouco”, disse.
Para Ana, ainda que as “obras nunca acabam” e a “espera do lado de fora incomoda”, o “Vermelhinho, comparado com os outros da região, como o São Luiz Gonzaga no Jaçanã, é o melhor”. “Não por acaso vem muitas pessoas da Zona Leste – ZL falando que por lá não tem médico. Em vista dos outros, esse está bom”, afirma.
O casal Tamires da Silva, 29, e Gustavo Nunes, 30, moradores do Jardim Penha, na ZL, estava há quatro meses sem precisar ir ao Vermelhinho. Da última vez, os dois tinham ido levar a filha para ser atendida por um pediatra, em uma experiência para esquecer: passaram seis horas nas dependências do hospital, sendo três apenas para a triagem. “No dia só tinha um pediatra”, explica Gustavo, que estava na unidade para passar com um clínico-geral e saber a razão das dores nas costas.
Ambos afirmaram que, naquele dia, foi mais rápido para tirar a senha e que as obras atrapalhariam se estivesse chovendo. “Se estivesse chovendo, seria impossível ficar ali”, disse Tamires, se referindo à sala de espera, com tamanho reduzido significativamente pelos tapumes, e à concentração de pacientes no ambiente externo que dispõe da semi-cobertura da fachada do prédio e algumas cadeiras colocadas por funcionários do hospital enquanto a reportagem conversava com o casal.
O pedreiro Gilberto Miguel, 33, morador do Cangaíba, na zona Leste, esteve na seção de arquivo do hospital, o “Vermelhinho”, para buscar laudos médicos do filho de 13 anos nascido na maternidade da unidade e portador de deficiência na córnea do olho esquerdo. Ele disse que foi bem atendido e que só não conseguiu ter acesso aos documentos porque faltaram outros comprovantes. A preocupação de Gilberto é maior: está tentando viabilizar benefício assistencial para o filho, que usa óculos avaliado em R$ 1,5 mil.
“Quando o meu filho nasceu em maio de 2006, eu e minha mulher percebemos que o olho esquerdo dele estava escorrendo um líquido leitoso e isso aconteceu porque a médica que realizou o parto cometeu um erro”, afirmou o pedreiro, sugerindo que houve negligência médica no nascimento do garoto. Questionada, a secretaria da Saúde não quis falar sobre o assunto.
Lixo comum acumulado na calçada
O Vermelhinho está localizado à altura do número 127 da Rua Francisco Fanganielo e cobre todo o quarteirão com a Rua Vidal Réis e as avenidas Morvan Dias de Figueiredo e Emílio Giaquinto, esta onde fica a entrada de colaboradores do hospital. É na Emílio Giaquinto que a reportagem se deparou com o que parece ser lixo comum do complexo hospitalar em uma gaiola sem o devido isolamento e à disposição de quem passa pela calçada.
 |
Lixo comum acumulado em uma entrada lateral do complexo hospitalar; foto: Claudio Porto |
Em nota, a direção do hospital informa “que o local também está em manutenção e não há circulação de pacientes ou colaboradores não autorizados”, explicando que “circulam no entorno do espaço apenas os funcionários, cientes das devidas normas de segurança e proteção do manuseio na gestão de resíduos”.
0 Comentários